Respondo sem hesitar: Vestibular.
E antes que me perguntem: Não, eu não fui mal no ENEM. Muito pelo contrário, gabaritei até Física na prova de Ciências da Natureza, algo que parecia inatingível à uma pessoa de Humanas.
Entretanto, se tiver que avaliar friamente as duas opções, fico totalmente com a primeira e explico qual é minha "bronca" com o ENEM.
Não percebi na maratona de dois dias, onde tivemos um total de 11 horas para dar conta de 180 questões, mais uma redação (cujo mistério do tema fez com que a maioria atingisse picos de ansiedade), um exame que testasse nossa capacidade sobre o conteúdo adquirido no Ensino Médio. Foi praticamente inevitável não comparar as tardes daquele final de semana com as provas de resistência do BBB.
Sim, o "Exame Nacional do Ensino Médio" é muito mais uma prova de resistência do que de inteligência. Vence o aluno que tem mais agilidade, frieza e conhecimento de assuntos de cunho social. O que a princípio não parece ruim. Mas na prática "não é bem isso".
Fiz curso preparatório o ano todo e, francamente, pouco (ou quase nada) pude aproveitar de tudo o que estudei neste período. Não tem nada a ver por ter sido um curso do Estado, alunos que fizeram Anglo e outros cursinhos renomados dividiram comigo a mesma impressão.
O ENEM apresenta questões longas e cansativas (já mencionei que o intuito é a resistência) abordando os conteúdos superficialmente. Fatos muito mais do cotidiano do que do Ensino Médio em si. Ao contrário do vestibular tradicional, o ENEM não exige que se domine completamente as disciplinas. É muito mais domínio próprio e "macetes". Diante daquelas provas, senti que uma grande porcentagem dos meus estudos eram "inúteis" e "obsoletos". A minha "sorte", digamos assim, é que sempre fui uma pessoa muito atualizada e interessada em temas sociais, porém, mesmo prestando com tranquilidade (fazendo a diferença de acho que quase todos ali), não me saí melhor por falta de "forças" no último dia.
O tema da Redação considerei facílimo e tenho absoluta certeza que fui excelente, mas, ao final de Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias, apesar de achar assuntos bem interessantes, minha visão já escurecia, literalmente. Foi quando caí em mim que o exame era acima de tudo, para quem tem uma excelente saúde. Cansaço mental da prova, tanto a que estava em mãos quanto a do dia anterior e pressão baixa tomaram conta de mim.
Isso porque não me descuidei, procurei dormir e me alimentar super bem. Quando cheguei em Matemática e Suas Tecnologias, disciplina que tenho consciência não ser o meu forte, já estava só o pó. Porém, percebi que insisti bem mais do que muitos, fui uma das últimas a sair da sala. Exausta e só querendo meu chuveiro e minha cama.
Revendo tudo isso, acho o vestibular muito mais justo, onde quem adquire boa nota é quem assimilou o conteúdo REALMENTE ESTUDADO durante o Ensino Médio e cursinho. Além de que o foco é bem mais centrado no que o aluno decidiu cursar.
O que aprendi em geral com estas experiências é que a sociedade tem a intenção de formar pessoas razoáveis.
Exato. Razoáveis.
Durante este ano que passou, eu me dediquei feito uma insana em disciplinas que não domino, não me atraem, nada têm a ver comigo e que jamais poderei ser um gênio por mais que me esforce. E as que domino, que tenho muito potencial para poder sim, sem modéstia, atingir a genialidade, acabei enfraquecendo e ficando "na média". Ainda bem que não permito me resumir como pessoa e futura profissional me baseando nesse tipo de processo seletivo.
E eis aqui registrado meu (inútil) protesto por um ensino que incentive menos mentes medianas e mais mentes geniais.
Mi F. Colmán